Como e onde iniciou-se um dos maiores dogmas da doutrina cristã, a Santíssima Trindade.
Explicaremos detalhadamente como surgiu o dogma cristão, com
base no encontro da imagem literária e metafórica judaica de “filho de
Deus” com a imagem mitológica grega de “Deus o filho”, que deu origem
ao dogma cristão da Santíssima Trindade, no qual Jesus foi
dogmatizado como sendo “Deus o Filho” (a Segunda Pessoa da
Santíssima Trindade).
Há uma excelente explicação sobre esse encontro
das duas culturas (a judaica e a grega), como veremos a seguir.
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que ser “filho de Deus”, na cultura hebraica, não significava
literalmente “ser Deus”, mas era um título honorífico, como se infere
de João: “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de se
tornarem filhos de Deus” (João 1,12).
Já na cultura greco-romana, era muito comum a ideia mítica de
alguém ser “filho de uma divindade” (no sentido literal da palavra) e
de uma divindade encarnar-se em forma humana – O MITO DO
DEUS ENCARNADO – daí ter sido fácil a transição da imagem judaica
de “filho de Deus” para a imagem mitológica grega de “Deus o
filho” (DEUS ENCARNADO NUMA PESSOA HUMANA).
Vejamos agora um esclarecimento como a velha
linguagem metafórica judaica de “filho de Deus” (no sentido adotivo),
título geralmente atribuído aos reis de Israel por ocasião de suas
coroações (e também atribuído a Jesus pelos cristãos do cristianismo
nascente) se transformou, devido ao encontro da cultura judaica com a cultura grega, na figura mitológica de “Deus o filho”, fazendo
com que Jesus passasse, no cristianismo histórico primitivo, de
“filho de Deus” para “Deus o filho” (DEUS ENCARNADO, SEGUNDA
PESSOA DA TRINDADE).
Eis o encontro das duas culturas (a
judaica e a grega), mediante o qual os cristãos fizeram com que
Jesus passasse de “filho de Deus” para “Deus o filho”.
A primitiva comunidade cristã percorreu uma trajetória cultural que se
iniciou com o judaísmo e desembocou na cultura helenista do mundo
greco-romano. As ideias de deificação e encarnação eram muito comuns
na cultura helenista e, quando se encontram com a imagem judaica
de “filho de Deus”, essas novas categorias fazem acontecer uma
significativa transição na imagem cristã de Jesus: de “filho de Deus”
para “Deus o filho”, a segunda pessoa da Trindade.
Em termos mais claros ainda, dentro do próprio judaísmo, a noção de um homem ser chamado “filho de
Deus” já existia há muito tempo.
O Messias devia ser um rei terreno descendente de Davi e os reis antigos da linhagem de Davi recebiam o
título divino de “filho de Deus” ao serem ungidos na posse do cargo: as
palavras do Salmo 2,7, “Ele me disse: Tu és meu filho, eu hoje te gerei“
foram provavelmente usadas nas cerimônias de coroação. Outro texto chave
é o 2º Livro de Samuel (2Samuel 7,14): “Eu serei para ele um pai,
e ele será para mim um filho”, novamente dito a respeito do rei terreno.
Portanto, a linguagem de exaltação que a Igreja inicial aplicou a
Jesus já fazia parte da longa tradição judaica. Como devemos entender essa linguagem antiga da filiação divina? Literal
ou metaforicamente? O rei era literalmente filho de Deus? Claro que
não. Dizer que o rei era “filho de Deus” era uma forma metafórica de se
expressarem as qualidades do rei.
O rei está mais próximo de Deus do
que qualquer outra pessoa. Por isso, ele é chamado de “filho de Deus”
(Salmo 2,7). Na linguagem mitológica, diz-se que Deus o “gerou”. Mas o
rei é considerado “filho de Deus” apenas por “adoção”, e não por geração
física, isto é, como sendo fisicamente “filho de Deus”.
O relato do batismo
de Jesus refuta o sentido físico de sua suposta filiação divina:
O sentido físico da filiação divina de Jesus é claramente refutado no
relato do batismo de Jesus, em que se ouve a fórmula antiga, vinda do
céu, de adoção filial usada na coroação dos reis: “Tu és meu filho, eu
hoje te gerei” (Salmo 2,7).
1º) Não podemos explicar Deus como uma pessoa embora Ele possua aspectos ou atributos
pessoais, uma vez que Ele nos conhece, nos ouve, nos vê,
nos entende e nos ama.
2º) É um erro afirmar que nós não podemos questionar esse dogma, porque ele é
“um mistério de Deus”. “Na verdade, isso é mistério dos teólogos e
não de Deus”.
3º) O décimo erro dos teólogos cristãos, no primeiro Concílio Ecumênico
do cristianismo, realizado em Niceia (Ásia Menor), no ano 325, diz
respeito à redação de uma profissão de “fé cega racionalizada”,
cujo texto “acentua a identidade de substância do Pai e do Filho
para afirmar que o Filho não foi criado (quem cria tira do nada),
mas gerado (quem gera se prolonga no filho gerado); o Filho é
Deus de Deus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”. Essa teologia cristã emprega, erroneamente,
os termos “Filho” e “gerar” no sentido real, literal, enquanto sabemos,
pela interpretação do versículo bíblico “Tu és meu Filho, eu
hoje te gerei” (Salmo 2,7), que nem o nome “Filho”, nem o verbo
“gerar” devem ser tomados nesse contexto em sentido real, literal,
mas em sentido espiritual, figurado, metafórico.
Durante anos venho me contorcendo sobre esse assunto, sem resposta claro sobre esse assunto. Busquei a resposta na história e espero ajudar quem busca resposta para esse pergunta.
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