Quais as palavras hebraicas e gregas que foram traduzidas por inferno? O que significam estas palavras na língua original?
Sheol
Esse vocábulo aparece 62 vezes no Velho Testamento.
Sheol era o lugar para onde iam os mortos, por isso é sinônimo de sepultura, ou lugar de silêncio dos mortos.
Sheol nunca teve em hebraico a ideia de lugar de suplício para os mortos.
Sendo difícil traduzir o termo porque nenhuma palavra em português dá a exata ideia do significado original, o melhor é mantê-lo transliterado como fazem muitas traduções. A tradução brasileira não traduz nenhuma vez.
Experimente traduzir sheol por inferno nestas duas passagens: Gênesis 42:38 e Jonas 2:1-2.
Hades
É usada apenas 10 vezes no Novo Testamento: Mateus 11:23; 16:18; Lucas 16:23; Atos 2: 27,31; Apocalipse 1:18; 6:8; 20:13,14 (1 Coríntios 15:55).
A palavra “Hades” no Novo Testamento corresponde exatamente à palavra “Sheol” do Velho Testamento. No Salmo 16:10 Davi disse: “Pois não deixarás a minha alma no Sheol…”.
Pedro, usando esta passagem profética do Velho Testamento afirmou em Atos 2:27:
“Porque não deixará a minha alma no hades…”.
Outra prova da sua exata correspondência se encontra na tradução da Septuaginta, pois das 62 vezes que Sheol é usada no Velho Testamento, 61 vezes foi traduzida por hades.
Provém do prefixo a – alfa, primeira letra do alfabeto grego, com a ideia de negação, privação e do verbo idein = ver, significando então: o que não é visto, lugar de onde não se vê, por isso é sinônimo de sepultura, habitação dos mortos.
Os gregos dividiam o Hades em duas partes, (posteriormente falavam até em quatro): o Elysium – a habitação dos vitoriosos e o Tártarus – a habitação dos ímpios.
Essa ideia de divisões e subdivisões do Hades é totalmente pagã sem nenhum apoio bíblico.
Geena
Palavra hebraica transliterada para o grego geena, que se encontra nas seguintes 12 passagens: Mateus 5: 22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Marcos 9:43, 45, 47; Lucas 12:2; Tiago 3:6.
Geena vem do vocábulo hebraico Ge Hinom ou Gé Ben Hinom – Vale de Hinom ou Vale do filho de Hinom. Nesse vale havia uma elevação denominada Tofete, onde ímpios queimavam seus próprios filhos.
Esse vale se situava ao sudoeste de Jerusalém; nesse local, antes da conquista de Canaã pelos filhos de Israel, cananitas ofereciam sacrifícios humanos ao deus Moloque.
Terminados os sacrifícios humanos, o local ficou reservado para depósito do lixo proveniente da cidade de Jerusalém. Juntamente com o lixo vinham cadáveres de mendigos encontrados mortos na rua ou de criminosos e ladrões mortos quando cometiam delito. Esses corpos, às vezes, eram atirados onde não havia fogo, aparecendo os vermes que lhes devoravam as entranhas num espetáculo dantesco e aterrador. É a esse quadro que Isaías se refere no capítulo 66 verso 24 do seu livro.
Por tais circunstâncias, esse vale se tornou desprezível, amaldiçoado pelos judeus e símbolo de terror, da abominação e do asco e foi mencionado por Jesus com essas características. Ser atirado ao Geena após a morte, era sinônimo de desprezo ao morto, abandonado pelos familiares, não merecendo nem mesmo uma cova rasa, estando condenado à destruição eterna do fogo.
O vale de Hinom era um crematório das sujidades da cidade de Jerusalém.
O fogo ardia constantemente neste sítio, e com o objetivo de avivar as chamas e tornar mais eficaz a sua força lançavam ali enxofre. Devido a essas circunstâncias, Jesus com muita propriedade usou esse vale para ilustrar o que seria no fim do mundo a destruição dos ímpios, sendo queimados na Geena universal.
TÁRTARO
A palavra grega “Tártaro” ocorre somente uma vez no Novo Testamento. Encontra-se em 2 Pedro 2:4 e diz o seguinte:
“Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes precipitando-os no inferno (Tártaro no original) os entregou a abismos de trevas, reservando-os para o Juízo”.
A palavra tártaro, usada por Pedro se assemelha muito à palavra “Tartarus”, usada na etimologia grega, com nome de um escuro abismo ou prisão; porém, a palavra tártaro, parece referir-se melhor a um ato do que a um lugar.
A queda dos anjos que pecaram foi do posto de honra e dignidade à desonra e condenação; portanto, a ideia parece ser: Deus não poupou aos anjos que pecaram, mas os rebaixou e os entregou a cadeias de trevas (morais e espirituais). Não existe nenhuma ideia de fogo ou tormento nessa palavra, ela simplesmente declara que esses anjos estão reservados para julgamento futuro.
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